terça-feira, 6 de maio de 2014

Noite de mãe


Não sou boêmia, mas às vezes minha noite de mãe é animada como noitada. Se não fosse o fato de não ter música, povo e bebidinhas, eu diria que é praticamente uma balada. Balada abalada da mãe solitária. Difícil dormir cedo. Às vezes é até difícil dormir! É um tal de deita e levanta que facilmente poderia ser uma modalidade de academia. Pena os glúteos e as coxas não terem percebido essa série de três ou quatro e continuarem em queda brusca...
E começa a madrugada, noite escura e silenciosa. Você ainda está naquele estágio do sono em que é a Cleópatra. Cheia de súditos construindo uma imensa pirâmide, que ao invés de ser o mausoléu dos mortos será um suntuoso palácio só para você. Banho de leite de rosas, bajulação e riqueza! Um banquete daqueles de lamber os beiços. Sem figos, por favor, odeio figos. O sonho está perfeito! Um dia no Egito! Aí o Martin Luther King Jr, de pijamas cor de rosa, carinha amassada, cabelos louros descabelados e os olhinhos praticamente fechados, bate no seu ombro com aquele velho discurso.
Como na escadaria do Memorial Lincoln diz: Mamãe, I have a dream, quer dizer, eu tive um sonho!! Eu também filhinha, eu também!! Inclusive, eu estava num. No mesmo segundo meu Egito se esvai! Acaba, puff! Aí a pirâmide desmorona de vez e a noite também! Cadê meu banquete? Meu banho especial? E assim, rápido como um cometa, do rio Nilo direto para o meio do quarto às quatro da matina (sem trocadilhos com Martina!). E a realidade se reestabelece!
Levanto a primeira vez acompanhando a criança até sua cama. Tapo, acomodo, beijinho e boa noite. Pra quem? Talvez pro vizinho que mantém a casa em silêncio absoluto e sepulcral. Porque pra mim é que não é, a noite está só começando. Volto para a cama para imediatamente receber a visita de uma pessoinha muito apertada para ir ao banheiro e precisando companhia – materna, é claro. Vamos ao banheiro, espero aquele xixizinho de dois pinguinhos, que na verdade foi só mais um motivo para ver se a mammy não fugiu naquele intervalo de tempo. Vai que, não é? Posso ter me desmaterializado ou, melhor ainda, me teletransportado para uma praia no Caribe. É sempre bom conferir se as mães realmente estão dormindo de madrugada! Fica a dica.
E continua a jornada noite adentro. Mais uma despedida longa e demorada. Mais uns três ursinhos na cama, lotação quase esgotada de tantos bichinhos de pelúcia. Sede. Água. E bora tentar dormir. Ouço mais um chamado. Dessa vez diz respeito ao clima. Preciso ir até o quarto da criatura para ligar o ar condicionado. Ao deitar, enfim, abro a porta da esperança e penso terem se esgotado todos os pedidos, quando de novo ouço passinhos.
Jesus, Maria, José! Dai-me a paciência de um monge tibetano pelamodedeus!! Silenciosa, parecendo uma gatinha sorrateira, minha doce notívaga, madrugadora e baladeira aparece só para me dar um beijinho e tocar meu rosto com sua mãozinha. Pronto, esqueço todo o sono, todo o cansaço do dia anterior e de que um dia fui Cleópatra! Sou tomada por todo amor do mundo! Aquele gesto no meio da madrugada faz tudo valer a pena! Agradeço! Agora só quero protegê-la e abraçá-la até dormir sentindo-se a criança mais segura e amada do planeta.
Profundamente apaixonada por minha cria e com medo de um novo sonho ruim, acomodo meu anjinho no meio de minha cama. Ficamos de mãos dadas até adormecermos. Momento gostoso de puro carinho e aconchego. Apertado? ÔÔÔ! Agora, no máximo o sonho será dentro de um ônibus lotado na hora do rush lá nos tempo de faculdade, atrasada e mal estudada para uma prova!! E assim, grudadinhas, terminamos a noite como numa sauna seca. Calor, suor e felicidade!
Não existe amor maior! Feliz Dia das Mães!

5 comentários:

  1. Amiga, vi um filme passar, mas tem razão quando eles dizem que nós amam passa tudo. Feliz dias das mães para nós. E dico! Que não a coisa melhor, do que ser mãe. Um grande beijo Giovana,.

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  2. Feliz Dia das Mães amiga! Nós realmente merecemos! Beijão, Mônica

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  3. Maravilhoso, adorei, grande homenagem pois a nossa realidade é assim repleta de amor intenso . Doroty.

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