Existem coisas
que desafiam a lógica. E tudo que não faz sentido ao mundo, faz menos ainda
para mim. É como se fosse uma armadilha e mais cedo ou mais tarde, vai dar
merda. Pode ser uma ode ao pessimismo, acho até que é. Mas não é a melhor
maneira de definir o medo de avião?
Olha o
glamour, assim não perco a pose! Antes culpar as teorias da física do que
assumir que sou uma cagona e tenho pânico dos transportes aéreos! Portanto, é
isso que vou fazer. Camarada, compare um pardalzinho a um jumbo! Quem você acha
que pesa mais? Como pode uma coisa daquele tamanhão voar?
É uma dúvida
que fica martelando todas as vezes que coloco os meus pés num aeroporto. O pior
de tudo é que esta pergunta se instala na minha cabeça com vinte e quatro horas
de antecedência do check in e só vai embora na sala de desembarque do meu
destino! Assim que eu pego a mala, dou uma respirada tranquila, de um
sentimento de alívio provavelmente comparado a achar um vaso sanitário, nos
casos de extrema necessidade. Se é que você me entende... Acredite, é a mais
pura verdade!
Se você
reparar no resumo do “quem sou eu” deste blog, irá perceber que me defino como
viajante apaixonada. Olha o drama. Amo viajar, ou seja, ir para os lugares, mas
pegar o maldito avião é meu desespero! Sofro como se fosse para o Afeganistão!
E posso garantir, e provar com meu passaporte, que nunca fui pra lá. Os
destinos de minha família são bem bacaninhas. Mas o processo é bem doloroso para
mim.
Além do fato
de achar que foram os passarinhos que nasceram pra isso e não máquinas enormes,
tem toda sensação claustrofóbica. Apertados naquela lata, nós, os passageiros,
mal conseguimos nos mexer. Cruzar pernas, nem pensar, caminhar pelo corredor, é
bem difícil. E na hora do banheiro? Socorro, né gente! Espaço tão pequeno que
deve ser o mais próximo de estar num caixão, com a diferença de estar vivo. E
tem aquele barulho horrível da descarga, que já foi tema de pesadelo em minha
vida! Sonhei que tive um ataque cardíaco de susto, comecei a descer ralo abaixo
e ninguém conseguia me tirar lá de dentro, dado o tamanho: lá só cabe a vítima,
ou seja, minha pessoa! E eu gritava, gritava!
E agora ainda
tem como plus a alimentação que as companhias estão nos oferecendo. Oi? Tem
certeza de que é isso mesmo que tem pra hoje? Não vai demorar para nos darem
ração humana. Vamos apostar? Enquanto isso o preço das passagens estão pela
hora da morte. E cá pra nós, tem mais uns probleminhas que debito na conta da
tripulação. A simpatia das comissárias, que ao por as portas em automático,
também põem o ar condicionado no menos três graus abaixo de zero, e congelam
sem dó nem piedade (com sorrisinho no rosto) todos a bordo! Não raro tenho
colecionado pneumonias pós-vôo. Porque é claro, que mantinha eles não tem. Nem
amor ao próximo.
E a
generosidade não para ai. Teve uma vez que presenciei uma cena de uma compaixão
difícil de aguentar. Embarque feito, todo povo sentado, uma criança nos seus
dois aninhos não parava de chorar de dor de ouvido. Bem, eu acho que era no
ouvido, mas tenho certeza de que era dor. A pobre da mãe estava
constrangidíssima, com muita vergonha das pessoas, mas penso que todo avião
estava era com muita peninha da menina. Faltando uma meia hora para descer, ela
capotou de cansaço de tanto chorar. A mãe a repousou na poltrona desocupada ao
seu lado e relaxou. Só nos sonhos, querida! Surgiu uma boa moça, chamada
aeromoça e encheu o saco para deixar a menina sentada e atada, pois estava na
hora do pouso! Tudo bem que regras são regras, mas garanto que a autoridade em
questão não era mãe! E me segura que vou esbofetear a criatura!
Tem coisa boa
em viajar de avião? Sim, a parte de te levar ao seu destino. Desde que não seja
ao infinito e além. E só. Bem, tem a rapidez também, mas um bom trem ultra
veloz faria o mesmo efeito. Ai se eu tivesse nascido na Europa, seria tão mais
feliz! Alguém aí já soube de algum milagre de Santos Dumont? Seria possível ele
ser canonizado um dia? Santo Santos Dumont tenha pena de mim! E me ajude, por
favor, estou de viagem marcada!