terça-feira, 3 de junho de 2014

Vizinhos 2 - quase famosos!


Quem acompanha o blog lembra que já escrevi sobre a falta de respeito da vizinhança. Aqui!Aqui! E não é que o assunto continua na moda? Não que eu queira, e acredite, não quero nem um pouco. Acontece que por culpa de um mercado imobiliário volátil como esse do nosso país, as figurinhas se modificam na pessoa física e nas incomodações. A rotatividade da vizinhança é tanta, que a única bolha imobiliária que vou conhecer é da minha própria casa. Vamos nos isolar, ensacar o lar e tentar viver em paz.
E a renovação dos adjacentes se mostra cada vez mais interessante. Devo confessar que está ficando bem curioso. Começo a pensar em um estudo antropológico sobre o assunto. Outro dia mesmo, ganhamos nova companhia na fronteira. O novo vizinho tem nos propiciado momentos hilários. O cara faz a linha easy rider, só que um hells angels um pouquinho passado na idade. Sem preconceito, só constatação. Com uma moto maior que ele, se acha selvagem, aventureiro. Tem desfilado pela rua com aquela roupa preta de motoqueiro de globo da morte de circo do interior. Calor de 40 graus e o boy magia todo mascarado, enfiado no couro, capacete reluzente e botas inacreditavelmente pesadas e cravejadas de taxinhas prateadas. Praticamente um integrante da banda Kiss. De moto. E sem maquiagem. Eu acho...
Até aí tudo bem. Engraçado. Figura esquisita para minha mente burguesa, classe média, vidinha normal, rotininha mansa, carro popular indo pra lá e prá cá. Só que não. A graça de ser o Dennis Hopper tupiniquim é acelerar. Fazer barulho. Qual a emoção se o acelerador for de uma mobilete capenga? Tem que ser algo parecido com uma Harley Davidson!! Sim, você pensou certo. O motoqueiro fantasma daqui do meu lado, não tem a icônica máquina. E também não pergunte qual é a dele, porque daí é demais. Tititi e bisbilhotice têm limites. Bem, pelo menos pra mim. Só sei que é um liquidificador amplificado no grau máximo! Insuportável!
E moto entra na garagem, moto sai da garagem. O vizinho aposentado, avô de dois netos, todos os dias sai para uma volta pelo deserto da Califórina, na rota 66, com a trilha de Jimi Hendrix ao fundo. Isso penso eu, fofoqueiramente olhando a cena da janela. Daí minha imaginação cinematográfica rapidamente é interrompida por um grito! Caraca! O Peter Fonda caiu na nossa frente, dentro da própria casa e com a moto desligada!!!! O que? A pessoa ao sair se embretou entre sua moto e o portão. Simples assim. Besta desse jeito. E gritou para sua esposa salvá-lo, porque não conseguia se mexer! Ele não sofreu nada. Também, nem poderia né... Mas eu fiquei profundamente frustrada com o protagonista do filme que rodava na minha cabeça. O cara nem para fazer onda serve. Didi Mocó total!
E o Bob Marley do outro lado da minha casa? Perguntam meus leitores. Esse continua na paz e amor! Casou com uma versão loira de Rita Lee com Janis Joplin, e só love, só love! Rola uma nova edição do Woodstock logo ali, mas não incomoda ninguém. Até o cachorro é zen! Preciso ainda combater o cheirinho de mato queimado que vem de lá de vez em quando, mas o que não faz um bom incenso, bem forte de canela ou alecrim, não é? Vivemos e convivemos muito bem com a comunidade hippie que ele criou.
                O porém, e sempre tem um porém, é que se eles são chatos, perturbam a ordem do bairro ou desrespeitam a comunidade, eu resolvi fazer um momento limonada! Se eles enchem o meu saco, eu me divirto! Meu copo será de metade de água, e não quase vazio. Bolha? Nem no pé. Não vou eu me mudar para o meio do mato, se o povo não sabe conviver. Não vou mesmo. E com o pensamento de que o errado é ser normal, entrei na vibe, botei reparo na tribo de moradores-nômades e descobri que Hollywood é logo aqui, bem ao lado da minha porta! E com o entretenimento garantido estamos todos só na pipoca e tranquilidade! Chorar? Só se for de rir!