domingo, 29 de setembro de 2013

Tempo


O que acontece no mundo, porque a pressa? Entendo que as coisas hoje em dia se justificam na correria. Todos temos muito o que fazer, sem tempo a perder e pouco tempo para viver. Tempo, tempo, tempo. Ouço muito as pessoas reclamarem de que ele está rápido, passa depressa. Os anos voam e nós vamos voando junto. Muitas vezes sem mesmo saber pra onde, mas deixa prá lá. Vambora!
São compromissos, responsabilidades, rotina, agenda, vai-e-vem, prazos, dead lines.  Não conheço quem não se questione sobre a rapidez com que tudo tem acontecido. Já ouvi teorias baseadas na física quântica, na relatividade e até mesmo na filosofia, para tentar explicar o porquê desta sensação de velocidade. Mas, cá entre nós, estamos provocando os ponteiros do relógio com deboche e ironia. E não sei se Sócrates ou Platão entenderiam. Só sei que eu não entendo!
Corremos o dia todo, a semana toda e o mês inteiro para ao final encher a boca e dizer: o fim do ano chegou! Já reparou como gostamos de concluir que fechamos um ano e declarar que o final do ano está aí? Incompreensível. Seria este nosso troféu? Seria a conclusão perfeita de uma maratona? Nossa linha de chegada, a finalização. E sem sentir, talvez sem querer, estamos provocando esta pressa de que tanto nos queixamos. Refletindo sobre o tema, perceba que inconscientemente aceleramos os anos cada vez mais, para chegarmos sãos e salvos ao pódio.
Nossa folhinha está diminuindo cada vez mais. Alguém me responde: por que em pleno mês de setembro já tem artigos natalinos à venda? Por que já dei de cara com pinheiro de Natal e luzes pisca-pisca? Qual o motivo de antecipar a festa deste jeito? Ano passado reparei que o clima apareceu somente lá pela segunda quinzena de outubro, pois agora o Dia das Crianças foi atropelado na maior cara de pau!! Como assim? Oi?
Que ansiedade é essa que faz com que apressem o Natal desse jeito. Definitivamente por que antecipar assim? Não sei você, mas eu me sinto arrasada. Dar de cara com o Papai Noel antes de dezembro é muita pressão. A figura dele em setembro me faz sentir um atraso. Tipo, eu não dei conta do ano! Já chegou o Natal e eu não dei conta! Só que a culpa não é só minha, é nossa. É com nossa conivência absoluta.
Permitimos. Damos autorização. Fazemos pior, vamos lá e compramos uma lista de presentes. Reclamamos, reclamamos, mas bem que gostamos de anunciar o final do ano. Planejamos as férias, organizamos a ceia, pensamos na festa e fechamos a conta. Estamos malucos! Nós estamos fazendo o tempo voar, vivendo sempre com um pé no futuro. Sabe, honestamente, o que parece? A cenourinha na frente do burrico. E nós feito loucos, tentando alcançá-la. Lamento informar, mas não conseguiremos nunca, ela sempre estará na frente. E enquanto isso, fazemos a terra acelerar.
 Que tal tentar viver o hoje, o agora, o momento? No máximo, pensar no almoço do próximo domingo e não no tempero do peru assado. Garanto que nem ele está preocupado ainda com o Natal, afinal, ele só vai ficar apreensivo na véspera. Não é isso que dizem? Daqui a pouco sem nos darmos conta, vamos riscar setembro, outubro e novembro do calendário e talvez emendar dezembro com a Páscoa e juntar de vez o Coelhinho com o Papai Noel! Não acho que terá a menor graça. E garanto que as crianças também não vão achar.
Não quero mais isso, não quero me sentir atrasada! Eu não estou! Acabamos de entrar na primavera povo! Quero aprender a viver, quero evoluir e crescer, mudar minha postura e melhorar. Prometo que vou tentar cruzar a minha linha de chegada ao final de cada dia. Viver um bom dia, cumprir de maneira bem bacana ao que me proponho ao colocar o pé no chão naquela manhã. Respirar calmamente. E no final, depois de ter sido uma pessoa legal, encontrar a família com sorriso no rosto e correr pro abraço. Comemorar o primeiro lugar todos os dias! A gente não precisa de teorias científicas para explicar o tempo, a gente precisa de poesia.
Aproveitando o meu tempo, assisti um desenho da Mônica com minha filha e aprendi uma lição: faça o tempo, mude o tempo e não esqueça que o tempo tem o tempo que tem que ter.

domingo, 22 de setembro de 2013

Não temos wifi


Tenho me perguntado qual o futuro da comunicação das relações. Onde vamos chegar, como vai ser e o que nos espera na próxima esquina, digo, milênio. Em termos de tecnologia vejo que caminhamos a passos largos, e que passos, porque a geração que vem por aí já está com um chip embutido sei lá onde, pois é praticamente uma mistura de Steve Jobs com Einstein. Deus, geramos mini gênios! Por essa, Stanley Kubrick não imaginava. Meus questionamentos são sobre o olho no olho.
No meu manual de instruções de vida, praticado há anos na minha família, coisa de herança mesmo, sabe? Passado de mãe para filha, coisa séria. Pois bem, nessa cartilha a conversa faz parte dos relacionamentos, sejam eles quais forem. Um papo aberto no pé da orelha com um filho, amigo ou parceiro é tão importante quanto à conversa com o cachorro de estimação ou o chefe. O importante é conversar pessoalmente, de corpo presente e cabeça principalmente. Porque cá pra nós, o que tem de gente que faz figuração de si mesmo, não tá no mapa, né? Nem no Google maps! Só pra ficar na seara moderna e tecnológica atual!!
Minha preocupação se baseia em cenas cotidianas que tenho, infelizmente, diga-se de passagem, assistido. E eu falei no plural, atentem! Famílias sentadas à mesa de algum restaurante sem dar um pio, nem grunhido nem nada. Diálogo então nem pensar! Sabe aquela coisa antiquada de um fala e o outro responde? É isso. Ou era. Pois agora é assim: cada membro com um celular na mão em estado de pura concentração e foco – no aparelho! Silêncio perturbador. E comida fria, muito provavelmente!
Acho deprimente, acho um prejuízo de tempo e de dinheiro também, porque não. Se for para ficar grudado no telefone, fiquem em casa e façam um macarrão instantâneo, ora bolas. Mas essa não é a pior parte, para mim é a falta de assunto mesmo. As pessoas estão deixando a intimidade de lado para verificar email, mandar mensagens e dar uma olhada nas últimas notícias das redes sociais.
O que é isso companheiro? O que vai acontecer com os relacionamentos? Essa mudança de prioridades me preocupa muito. Rolar o dedo na telinha do telefone acabou tomando lugar do contato entre as pessoas, do encontro. Imagino que as relações serão seriamente comprometidas. Desde quando o celular passou a ocupar esse espaço sagrado do olhar, da voz, da intenção? Eu perdi esse bonde, definitivamente. Ainda bem.
A vida já é tão corrida com tantos afazeres, as famílias são tão compromissadas e, mesmo assim, as pessoas não se dão conta da vantagem e do privilégio de encontrar-se em uma mesa de refeições. Uma mesa familiar é tudo! Metaforicamente dá para afirmar que a vida passa pela mesa. Entre uma garfada, um café ou um soco todas as emoções estão naquela mesa. E naquela mesa tá faltando ele e a saudade dele dói demais em mim. O poeta só não podia prever que seria praticamente uma mãe Diná e o “ele”, no caso, seria o papo. E papo vai, papo vem... papo foi. Acabou.
 Saudades de uma boa família italiana de filme, daquelas em que todos gritam, brigam e gesticulam muito diante de uma macarronada da mama. Cartas na mesa, sempre, mesmo que seja dentro de um estabelecimento comercial, grande coisa, quem se importa. A cena agora é entrar no restaurante e antes de tudo verificar se tem wireless. Muito mais necessário que bom cardápio é estar conectado à rede. Preço? Quem se interessa?! Tem novidades para contar? Vá ler na mensagem, manda por DM ou uatesápe. Corra Lola, corra, que o mundo mudou.
Mas minha família não. E meus amigos também. Todos somos uma grande máfia da boa conversa à mesa. E já vou logo avisando aos navegantes, que aqui não tem wifi, conversem. Ah! E deixem seus celulares na porta de entrada. Não sou besta, vai que tem três G! Apelo: por favor, não troquem suas relações por um blequebéuri!

domingo, 15 de setembro de 2013

Idade


Tenho falado aqui sobre todos os dissabores da idade. É falta de memória, modificações no corpo e as crises existenciais, tudo provocado pelo avanço dos anos. Pode parecer que, portanto, amadurecer (reparou que não usei o verbo envelhecer?) é um problemão! Até pode ser. Mas é uma benção também, e das grandes. Como tudo na vida, depende do prisma em que você olha. Como resolvi virar Polyana, to me sentindo ótima!
Tenho percebido sobre o quão libertadora é a idade que chega. Ganhamos uma liberdade que quando jovens não temos, não imaginamos e nem sonhamos. Olho através de uma simples equação: quanto mais idade se tem, menos vergonha se sente! E que fique claro, claríssimo, não me tornei uma sem-vergonha! Óbvio que não! Não pense bobagem! Mas ganhei espontaneidade, coragem e muita vontade para fazer o que quero e dizer o que sinto, mas com muita sensatez!
Hoje posso entrar no supermercado com minha filha pela mão e se estiver tocando uma música animada, ensaiar uns passos para alegrá-la! Se já fiz isso? Sim, com certeza! Mas não pense que bailei pelos corredores entre o açougue, as verduras e legumes, nada disso. Não, não baixou à louca, nem a pomba-gira, nem o Fred Astaire. Também não estou treinando para a dança das desconhecidas (não sou famosa nem na vizinhança). Foi só um pequeno momento de descontração para brincar com minha menina. Detalhes de nossa relação que passam pela leveza e simplicidade. Afeto.
Hoje não tenho o menor problema em gritar meus direitos se me sentir lesada, berro se necessário e mando chamar o gerente, seja onde for. Os problemas passaram a ter o valor correspondente à realidade. E o sofrimento por antecipação ficou na juventude - do ano passado, para ser mais honesta. Usando respeito e educação, posso dizer o que penso para quem antes não poderia. Não sou obrigada a cumprir certos protocolos sociais se eu não quiser. Mas para falar a verdade, quase sempre quero. Sou arroz de festa declarada.
Só a idade me deu a chance de flertar com o King Kong, os micos eu deixo para os jovens. Não tenho vergonha nenhuma de fazer o que minha telha está mandando. Não tenho medo dos julgamentos do olhar do outro. Garanto que minha vida ganhou uma cor que antigamente não tinha. Um poder de chegar bem mais pertinho da alegria. Porque a liberdade encurta esse caminho. Estou livre para pensar, livre para fazer e dizer. A idade amadurece e clareia a mente. Um mundo novinho se abriu. Acredito até que as possibilidades aumentaram. Inclusive de mudança. Mudança de pensamento, de opinião e de conduta. Podemos mais, muito mais. Podemos quase tudo, quase sempre.
Agora se minha filha gosta de me ver fazendo a Ana Botafogo pelas gôndolas do supermercado, aí são outros quinhentos! Ela ainda está na fase da vergonha! Já me disse com todas as letras, que eu não preciso ser a primeira a bater palmas no teatro!! Mas sei que esse sentimento passa, porque já vivi isto em outros tempos! E sei que em breve, não tão breve assim, bota mais uns aninhos, nós faremos muitas macacadas juntas pela vida! Seremos uma dupla do barulho! Vai ser tão bom! E assim a vida vai completando os seus ciclos. Tem como não achar a idade bela?

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Problemas Modernos


Que tempos difíceis esses em que vivemos. Carregamos tantos problemas ditos modernos que perdemos completamente o verdadeiro valor das coisas. Desde quando a empregada não vir trabalhar virou tragédia familiar, ou melhor, nacional? O ser humano de hoje não sabe mensurar, muito menos definir um verdadeiro problema e reclama, reclama, reclama.
Na verdade acho que nunca existiu problema moderno. O que seria isso? Problema que vem em versão sete ponto três? Problema “Ai” alguma coisa? O que existe é problema e ponto! O mundo ficou moderno, as dificuldades não. E nós também não. De modernos temos pouco. Aliás, nos expomos nas mídias sociais, mas não conseguimos desenvolver a mesma evolução na arte de resolver nossa vida!
            Aprendemos outros meios de contar, mostrar, viver, e passar por nossas mazelas. Que mudam, ok, mudam, mas sempre existiram em todos os tempos, qualquer época, moderna ou passada. Já estava na hora de nós, animais pensantes e inteligentes que somos, termos aprendido alguma lição. Mas, nada, tá dureza resolver, é drama na veia!
Desde quando morávamos nas cavernas, vivenciamos situações de conflito. E imaginar que nossos problemas modernos já foram sermos arrastados pelos cabelos para dentro do cafofo uga-uga. Se bem que isso era prá lá de romântico! Não era exatamente um problema. Tá, então problema era um ataque de mamutes. Ui, esse devia ser dos grandes!
No século 19, o grande problema moderno eram aqueles vestidões: muitas saias! Afe! Não dá para imaginar a Moreninha ou a Capitu - trabalhadas na última moda - apertadas para irem ao banheiro! Gente, vamos ser honestos? Será que dava tempo de tirar tudo?!!  E nesses anos dois mil, a pouca saia pode ser problema pra muita gente também! Ou a falta dela. Mas daí, não é problema nosso e desse, dizem, ser o mais antigo do mundo. Definitivamente não é moderno! E nada mudou.
O fato é que cada problema, moderno ou não, tem que ter seu real valor! Sempre bato na mesma tecla, para ver se também entra na minha caixola... Mas o carteiro está em greve? Paciência! O filho não fez a tarefa de casa e está matando aula? Dá uns cascudos nele! A empregada não veio? Arregaça as mangas e segura no cabo da vassoura! É colega, a vida não é bolinho, mas nunca foi mesmo! Será que em mil e quatrocentos Colombo esbravejou ou foi ameaçado de ser demitido por não ter encontrado o caminho das Índias? Ou comemorou achando as índias, lindas, leves e soltas e fez a primeira festa na América?! Vai ver o cara adorou ter errado o caminho e fez uma limonada e tanto! E aqui estamos todos nós para não deixarmos ele mentir!
Poderia agora citar o que são problemas reais, de alto valor e carga emocionais, daqueles que precisaríamos da cavalaria americana para nos salvar, daqueles pesados, de causar choros convulsivos, tipo mexicano mesmo. Sim, eu sei que eles existem, todos sabemos. Mas pra que né? Deixa que o secretário geral da ONU se preocupe com os detalhes sórdidos... Já vai bastar se conseguirmos aprender a diferenciar, rotular, taxar, calcular e mensurar os reveses da vida. Todos muito bem classificados, de preferência em ordem de desespero. Numa escala de zero a dez. A escala Richter dos problemas.
Bom humor! Arrá!! É o pulo do gato! Mas que tal levar a vida com bom humor? Esse é um bom instrumento para ser usado na avaliação dos problemas. Leveza na vida! Que mal há em fazer a Polyana? E por que não? Garanto que tudo vai facilitar, e muito. Um sorriso, um riso e uma gargalhada, uma trinca que, se não é a solução para os problemas, ajuda, aaa se ajuda. Que mania que temos de pesar a mão e a dose. E haja saco, pra aguentar a dose.
Tá com comida na mesa? Gozando de boa saúde? Então tá reclamando de que? Tem família, amigos para ajudar? Então não tem problema que valha a longa chatice das reclamações.  Sejamos velhos, moços, antigos ou modernos precisamos repensar! Estamos todos tão cosmopolitas, tão web alguma coisa, tão feice, tuíter, e mais um monte de saiber atualidades, que não é possível que ainda não tenhamos conseguido ser mais tranquilos em busca da paz para aproveitar a vida. Afinal, estamos no mundo moderno.
Atenção ao horóscopo: dia ideal para se livrar das coisas velhas para que possamos seguir mais leve. Ideal também para tratamentos de desintoxicação em geral, tô falando de ranzinzices. Teremos bons resultados, mas sem esquecer de rir muito e relaxar para repor as energias, boas, é claro. A lua linda e prateada e o sol quente e brilhante favorecem o prazer e as emoções. O pensamento positivo afetará sua mente e vamos viver felizes! O ministério da boa vida adverte: classifique e mensure seus problemas!
 

sábado, 7 de setembro de 2013

As Bolachas


Li numa revista que os discos LPs estão de volta. Quer dizer, de volta, de volta, não, mas ensaiando uma discretíssima volta através de apreciadores, colecionadores e até alguns fabricantes. Agora sim, ficou bem explicado. Somos nostálgicos mesmo. Ô povo! Na minha casa, mesmo sem aparelho para tocá-los, não nos desfizemos de nenhum disco de vinil. Estão todos lá, cada qual com sua história.
Minha memória pode não ser grande coisa, e não é, mas não me esqueço de como eram os long plays. Músicas dos dois lados divididas em várias faixas. Quando acabava um lado, tínhamos que parar o toca-discos e virar o disco, para tocar as faixas do lado oposto. Lado A e B. Grandes, enormes e pretos, salvo alguns infantis que inovavam em trabalhar na cor, todos eram pretinhos da silva. E sempre tinham aquele plástico para protegê-los.
Lembram como era necessária muita habilidade manual com a agulha? Quase cirúrgica! Crianças eram proibidas de chegar perto da eletrola, poderiam estragar o artefato ou arranhar o disco. Vem daí a expressão “disco arranhado” para aqueles que repetem, repetem, repetem a ladainha, como as músicas de um disco riscado que ficavam inaudíveis. O cuidado era bem extremado, mãos seguras, firmes e, ao mesmo tempo, delicadas! Ouso a dizer, carinhosas.
Veio agora na minha mente os aparelhos três em um: toca-discos, toca-fitas e rádio!!! Todas essas máquinas numa só! Caixas de som grandonas e potentes que mais pareciam um trio elétrico! Show! Eram sinônimos de riqueza pura! Podem acreditar. E pensar que o vinil já foi o máximo da tecnologia! Chocada.
Na minha família adquirir um disco era um evento. Sentávamos na sala para apreciar o artista e a capa passava de mão em mão. Não raro alguém pegava o encarte com as letras das músicas e cantarolava junto com a Maria Bethânia ou Vinicius de Moraes. Toda minha educação musical foi feita através das imensas bolachas, como também chamávamos aqueles discos pretos. Será que em referência as bolachas Maria, pelo formato? Pode ser, não sei. Vou pesquisar no Google e depois te conto.
Mas bem sei que as bolachas me alimentavam com o que tinha de melhor da boa música e das artes visuais. Estou falando das capas! Nesta época, a dos vinis, muitas capas foram produzidas por artistas plásticos. Não é difícil encontrar uma roda de conversa com a turma do passado, falando nas clássicas capas. Até mesmo o expoente da Pop Art, Andy Warhol, fez uma! Um luxo! E as dos Beatles? Sgt. Pepper’s, Revolver, lindas! Pink Floyd com The Dark Side of the Moon fez história! Existem listas de capas icônicas.
Definitivamente os LPs tinham outra alma. Pode até ser que eu tenha perdido o último trem para Woodstock, ou no caso Rock in Rio 1985 já que faz mais sentido, porque no outro eu nem tinha nascido, mas o fato é que a vida é feita de boas lembranças. Boas, muito boas. Memória afetiva é coisa séria. Saudades deste tempo em que os discos significavam mais que simplesmente sentar-se no computador e baixar uma centena de músicas sem esse algo mais. Também sei que é assim que caminha a humanidade, mas como um pendrive pode competir com uma capa? É covardia.
Com o vinil era outra relação, mais pessoal, mais íntima. E esses anos de pirataria então? Chega dar vergonha ver uma capa xerocada com a qualidade mais do que duvidosa, horrorosa! Fico muito feliz em saber que existam heróis da resistência ressuscitando as bolachas. Agora preciso urgente arranjar uma eletrola e quem sabe marcar uma reunião dançante na garagem! Bora fuçar o baú e limpar as teias e as traças!

domingo, 1 de setembro de 2013

O Respeito não mora ao lado


O respeito tá ficando fora de moda. Definitivamente não entrou na última semana fashion muito menos na coleção primavera verão dois mil e bolinha. Está muito difícil encontrá-lo desfilando nas passarelas. Agora, o egoísmo, esse é o must da temporada!! E faz tempo...
Olhar só para si, se preocupar com o próprio bem estar, seu umbigo e seu universo, egocentrismo, é assim que vivemos hoje. Não tem como dar certo. Impossível! Somos seres sociais. Precisamos compartilhar até as vagas de estacionamento dos shoppings, mas tem gente que insiste em achar que é a última bolachinha do pacote. Sabe aquela ideia de que mora numa ilha e vive só?
Temos vizinhos. Quase todo mundo tem, a não ser aqueles que moram no meio do mato ou optaram por um estilo leave me alone de ser. Todos são obrigados a conviver com alguém do lado, quando não em cima ou embaixo. Que relação mais complicada. Não conheço quem não tenha uma história para contar e, infelizmente, nem sempre passa pelo respeito.
Outro dia, amigos contaram que a vizinha de cima só anda de saltinho! Já imaginaram que beleza acordar e tec, tec, tec! Almoçar e tec, tec, tec! Ler o jornal e tec, tec, tec! E assistir ao Bonner e a Patrícia Poeta e tec, tec, tec!! Geeeente eu teria enxaqueca para o resto da vida! Interminável! Minha amiga avisou à chiquérrima, que ela deveria andar de pantufas para o bem do condomínio. É ou não falta de respeito? Poxa, vivemos em comunidade! Saltinho, moça, tem certeza?
E se os vizinhos dão trabalho, imaginem seus animais de estimação? Às vezes os donos não são educados, o que esperar de seus pets!!? É um tal de latidos de cachorros chatos, gatos que passeiam por casas alheias, isso sem falar nas cácas! Sim, porque tem gente que teima em não juntar os presentinhos que seus animais deixam por aí. O que me indigna é o fato de pensar que esse povo acha que temos que gostar. Se eles aturam o latido insuportável às seis da manhã de seu cachorrinho, por que eu tenho que aguentar? Quem disse que gosto de ser acordada desta maneira? E às seis da manhã? Puxado!
Conhece alguma coisa mais pessoal que o seu lixo? Sim, o lixo, aquele que, segundo os filmes de detetives denunciam todos nossos gostos particulares e ainda por cima dizem quem somos e com quem andamos! Pois minha colega teve seu sagrado lixo remexido pela vizinha!! Acredite se quiser, mas é a mais pura verdade! E além de ter todos os seus segredos descobertos, a meliante, quer dizer, a vizinha levou uma bandeja quebrada que minha colega tinha posto fora!! Pra que meu Deus? O que a criatura faria com um treco quebrado? Necessidade ou caso de polícia?
Se vamos ser vizinhos, vamos respeitar os limites. Limites da boa educação, do bom convívio e de liberdade. Sabe aquela máxima, minha liberdade termina onde começa a sua, e blá, blá, blá! Certíssima! Chavões e clichês são ótimos para pautar nossa vida! Tá com dificuldades de entendimento puxa um clichê! Ou quer que desenhe?? Respeite para ser respeitado. Bom senso amigos!
Agora veja você, que o Bob Marley se mudou para a casa ao lado da minha, tá queimando mato e não tá nem aí se o cheirinho tá chegando aqui no meu nariz! Fazer o que? Baseado (perdão pelo trocadilho!) no nosso bem viver: eu respeito! No, woman no cry!