O que acontece
no mundo, porque a pressa? Entendo que as coisas hoje em dia se justificam na
correria. Todos temos muito o que fazer, sem tempo a perder e pouco tempo para
viver. Tempo, tempo, tempo. Ouço muito as pessoas reclamarem de que ele está
rápido, passa depressa. Os anos voam e nós vamos voando junto. Muitas vezes sem
mesmo saber pra onde, mas deixa prá lá. Vambora!
São
compromissos, responsabilidades, rotina, agenda, vai-e-vem, prazos, dead lines.
Não conheço quem não se questione sobre
a rapidez com que tudo tem acontecido. Já ouvi teorias baseadas na física quântica,
na relatividade e até mesmo na filosofia, para tentar explicar o porquê desta
sensação de velocidade. Mas, cá entre nós, estamos provocando os ponteiros do
relógio com deboche e ironia. E não sei se Sócrates ou Platão entenderiam. Só sei
que eu não entendo!
Corremos o dia
todo, a semana toda e o mês inteiro para ao final encher a boca e dizer: o fim
do ano chegou! Já reparou como gostamos de concluir que fechamos um ano e
declarar que o final do ano está aí? Incompreensível. Seria este nosso troféu?
Seria a conclusão perfeita de uma maratona? Nossa linha de chegada, a
finalização. E sem sentir, talvez sem querer, estamos provocando esta pressa de
que tanto nos queixamos. Refletindo sobre o tema, perceba que inconscientemente
aceleramos os anos cada vez mais, para chegarmos sãos e salvos ao pódio.
Nossa folhinha
está diminuindo cada vez mais. Alguém me responde: por que em pleno mês de
setembro já tem artigos natalinos à venda? Por que já dei de cara com pinheiro
de Natal e luzes pisca-pisca? Qual o motivo de antecipar a festa deste jeito?
Ano passado reparei que o clima apareceu somente lá pela segunda quinzena de
outubro, pois agora o Dia das Crianças foi atropelado na maior cara de pau!!
Como assim? Oi?
Que ansiedade
é essa que faz com que apressem o Natal desse jeito. Definitivamente por que
antecipar assim? Não sei você, mas eu me sinto arrasada. Dar de cara com o
Papai Noel antes de dezembro é muita pressão. A figura dele em setembro me faz
sentir um atraso. Tipo, eu não dei conta do ano! Já chegou o Natal e eu não dei
conta! Só que a culpa não é só minha, é nossa. É com nossa conivência absoluta.
Permitimos.
Damos autorização. Fazemos pior, vamos lá e compramos uma lista de presentes. Reclamamos,
reclamamos, mas bem que gostamos de anunciar o final do ano. Planejamos as
férias, organizamos a ceia, pensamos na festa e fechamos a conta. Estamos
malucos! Nós estamos fazendo o tempo voar, vivendo sempre com um pé no futuro. Sabe,
honestamente, o que parece? A cenourinha na frente do burrico. E nós feito
loucos, tentando alcançá-la. Lamento informar, mas não conseguiremos nunca, ela
sempre estará na frente. E enquanto isso, fazemos a terra acelerar.
Que tal tentar viver o hoje, o agora, o momento?
No máximo, pensar no almoço do próximo domingo e não no tempero do peru assado.
Garanto que nem ele está preocupado ainda com o Natal, afinal, ele só vai ficar
apreensivo na véspera. Não é isso que dizem? Daqui a pouco sem nos darmos conta,
vamos riscar setembro, outubro e novembro do calendário e talvez emendar dezembro
com a Páscoa e juntar de vez o Coelhinho com o Papai Noel! Não acho que terá a
menor graça. E garanto que as crianças também não vão achar.
Não quero mais
isso, não quero me sentir atrasada! Eu não estou! Acabamos de entrar na
primavera povo! Quero aprender a viver, quero evoluir e crescer, mudar minha
postura e melhorar. Prometo que vou tentar cruzar a minha linha de chegada ao
final de cada dia. Viver um bom dia, cumprir de maneira bem bacana ao que me
proponho ao colocar o pé no chão naquela manhã. Respirar calmamente. E no
final, depois de ter sido uma pessoa legal, encontrar a família com sorriso no
rosto e correr pro abraço. Comemorar o primeiro lugar todos os dias! A gente
não precisa de teorias científicas para explicar o tempo, a gente precisa de
poesia.
Aproveitando o
meu tempo, assisti um desenho da Mônica com minha filha e aprendi uma lição: faça
o tempo, mude o tempo e não esqueça que o tempo tem o tempo que tem que ter.