Quero ter uma conversinha com as
mães. Assunto entre progenitoras. Desabafo materno. Vamos lá: em minha casa tem
rolado uma prática, que tem me deixado, digamos, tensa. Para não dizer à beira
de um ataque de nervos. E olhe que uma mãe com o sistema prá lá de nervoso, é
um perigo! Se a tal mulher estiver de tpm então, corra porque são grandes as
chances de virar uma psicopata!! É caso de polícia.
Preciso
urgente compartilhar essa dinâmica que se instalou na família, para saber que
procedimento tomar: tento uma internação no Pinel, ou qualquer outra
instituição que aceite mãe histérica, ou faço o tipo serena e tranquila, que
logo a fase passa? Quem sabe passo uns cremes na cara, sento na calçada para
observar o movimento, dou uma voltinha no shopping ou no supermercado para ver
preços e descobrir o índice da inflação, etc. Ou seja, algo bem mais produtivo
que enlouquecer, tendo em vista que amalucar não é bom pra ninguém. Desconfio
que seja pior para mim. O problema a que me refiro também não é de saúde. Foi a
primeira coisa que me certifiquei, com certificado, inclusive. Laudo e
atestado.
Esclarecido
tudo, vou te contar e se você for capaz de me ajudar a elucidar o caso, mande
cartas para a redação. Por que diabos eu tenho que fazer uso da repetição para
todas as falas com minha cria? Por que nunca, atente, eu disse nunca, o
primeiro comando é suficiente? Venha tomar banho deve ser repetido por pelo
menos cinco vezes! Coloque o pijama, umas três! Coma sua comida, tá na média de
oito vezes!! Vá dormir também tá batendo recorde, assim como levante que está
na hora!!
Sim, existe
uma planilha de estatísticas devidamente arquivadas no computador. Preciso estudar,
fazer cálculos, aprofundar os picos, as intensidades e fazer médias. Reclamo,
mas com argumentos e provas! Vai que meus relatórios possam ser usados num
currículo futuro? MBA de mammys ou quem sabe posso me credenciar para um cargo
de chefia? Trabalho na OMS? No mínimo vai ajudar o psiquiatra a fazer o diagnóstico,
vai entender melhor porque cheguei babando dentro de uma camisa de força,
repetindo a mesma frase sem parar.
Agora pense
num disco arranhado, sou eu. Repetindo, repetindo e dizendo de novo! Todas as
ações rotineiras têm levado muito mais tempo que o necessário. Já a reação,
chega na hora: irritação, cansaço e estresse. De minha parte é claro, porque
minha interlocutora está super na boa, quase zen! Um monge inabalável! E sabe por
quê? Porque para meu desespero não é caso de teimosia, ela não se nega a fazer
nada, só não atende a ordem de primeira, nem de segunda, talvez na terceira,
quem sabe na quarta vez...
E enquanto
isso, eu, uma pobre representante de Maria, mas, digamos, numa categoria um
pouquinho mais mortal e nada santa, vou enlouquecendo aos poucos. Ou pelo menos
ganhando o título da mala do ano. Sem alça e sem rodinhas. E sabe quem está me
concedendo essa faixa? Sim, ela mesma. Não é justo! Eu quero ser miss simpatia,
não a chata!
Se vai passar
eu não sei. Ninguém me disse nada ainda. Esse tipo de
mini-produto-de-mini-criatura não veio com manual, portanto há de se aguardar,
me agarrando numa cordinha de sanidade antes de partir pro quebra tudo geral!!
Antes de tudo vou respirar fundo e dar uma passadinha no hortifruti para
espairecer. Vai que a alface americana entrou em promoção! Vai me deixar bem
feliz!
E
para terminar, antes de xingar e praguejar contra sua vovozinha que não para de
falar no mesmo assunto, lembre-se que ela educou, ou tentou, seu pai ou sua
mãe. E não necessariamente foi aquele alemão que chegou, aquele que começa com
Al e termina com zheimer. Pode ser somente reflexo do sem-número de ordens
dadas no passado. Entendeu? Preciso repetir?