Essa
crônica é sobre o nada. Nada a ser escrito. Nada a ser dito. Isso acontece até
mesmo com quem fala mais que a boca e pensa mais que o próprio cérebro.
Defectível cérebro, é claro. Mas uma máquina incessante. Isso acontece. O nada.
Acontece também com quem palpita até na vida da diarista. Com a devida
permissão, com certeza. Ou nem tanto. Ou quase nada. Mas não é verdade que
sempre temos a solução para os problemas dos outros? Portanto, dar conselhos se
o filho da empregada deve ou não fazer o enem, é nada. Um pouco mais que nada.
Talvez. Nada é sempre relativo.
Pronto!
O nada rapidamente ganhou corpo. Virou tema de reflexão. É impressionante como
a máxima de viver em sociedade, que o ser humano é um ser social e blá, blá,
blá, nos faz aptos a interagir com nossos iguais de maneira invasiva. E quem
disse que precisa pedir? Quem foi que perguntou? Nos metemos mesmo. E o mais engraçado
é que temos a chave do sucesso. Da porta dos outros. O roteiro da vida do outro
é facinho de traçar. Por que resolvemos tudo dos outros? Os outros. Dos outros.
Para os outros.
Até
nos assuntos mais prosaicos, sabemos mais que nosso semelhante. Repare como
sabemos qual o melhor cardápio, a melhor viagem, a melhor marca de xampu. Do
remédio para a frieira ao conserto da TV. Só sei que tudo sei, ou sabemos.
Quando se trata de logística então, doutores. Já aconteceu de estar de carona
com alguém e indicarmos qual o melhor caminho a seguir. O navegador é melhor
que o motorista, quase sempre. Se o tema é livro, pimba! Temos a melhor
indicação! Filme? É só dizer o gênero. Sempre temos uma vasta experiência. Anos
luz na frente de quem aparecer pela frente.
O
palpite é certeiro. A opinião é contundente. O exemplo é pertinente e o
resultado desconcertante: resolvemos o seu problema! Simples assim! Pode por
uma placa indicando o ofício. Sempre saberemos o que fazer com a aflição
alheia. O amigo angustiado bate em nossa casa e abrimos a porta da esperança. E
de lá vem o passo a passo, o faz assim ou assado, o vai ou racha e o tim tim
por tim tim. Exatamente como uma receita. Mais você. Louro José? No caso mais
pra loura palpiteira.
Em
bom latim, o nome disso é dono da razão. Ou dona. Não interessa muito qual
gênero. Muito menos o número e o grau, porque é sempre num grau! O proprietário
da verdade é aquele que conhece o caminho das pedras e da razão. E sempre tem
razão. Qualquer semelhança com o divino não é mera coincidência. Afinal, somos
feitos à imagem e semelhança do próprio. Portanto, somos o cara. Temos poder.
Tá,
mas então por que este poder não está presente para resolvermos nossa vida? Onde
estão nossos super poderes nessa hora? E os conselhos perfeitos? E as decisões acertadas?
Conosco, o buraco não só é bem mais embaixo, como o fundo dá na China. Porque definitivamente
nossos problemas não são o foco. O olhar é no vizinho, claro. Ajudar o
atormentado é muito mais prazeroso, digo, generoso, do que olhar nosso umbigo!
O ser humano é especial, mas esse dom só é capaz de ser exercido diante do
espelho. Com outro reflexo. Do outro.
Temos
muita pretensão, prepotência e onipotência. E poder superior em determinar,
interferir e invadir. Também dom para nos achar e nos sentir. Sempre os
sabichões e elevados. Na máxima potência. E assim caminha a humanidade. Bom seria
se fosse calçada nas sandálias da humildade. E com os olhos em nós mesmos.
Oi amiga, hoje não tenho nada para dizer, pois já tá repetitivo eu dizer que adorei já li faz tempo e hoje abri de novo com a expectativa de ler no novo e cadê? ?.... estou curiosa ? Um grande beijo Giovana.
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