Eu não sei o que acontece, mas tenho
vivido um período apegada ao passado. A mente e o pensamento estão lá, to
vivendo num almanaque. Me agarrei num amor excessivo, cheio de lembranças. Para
ser mais específica pelos anos 80. Portanto, se você me encontrar com o ombro
colado na orelha, não se assuste! Não é caxumba, nem otite, muito menos
frescurite ou charme. É somente a volta das ombreiras à minha vida! E vamos
combinar que não tem nada de glamour, não tem mesmo, nem vintage é! É o mau
gosto emoldurado na breguice! Perdão Deus, eu não sei o que faço... Claro que
sei! Vergonha na cara e pé no chão! Caramba criatura, estamos no ano 2013!
Só para
constar, vivi minha adolescência nessa década. Cresci e virei gente nos
oitenta. Testemunhei a década do exagero: de cores, de sons, de cheiros, de
vida e de acontecimentos. Assisti a morte de Odete Roitmann e acompanhei todo o
processo de independência de Malu, a mulher, não a Mader. Eu posso estar
redondamente enganada, provavelmente até esteja porque cada um tem sua opinião,
mas foram os anos mais divertidos do século passado.
Vou exemplificar
minha teoria. Aliás, abrindo um parêntese aqui, desde muito tempo desenvolvo
teorias sobre tudo, porque meu hobby é observar o mundo, e depois de ruminar,
desenvolvo mil opiniões. Coisa de metida mesmo, de quem não consegue parar de
pensar, analisar, comparar e por aí vai. Mas largando o velho hábito feminino
de mudar de assunto abruptamente, vou retornar à minha teoria.
A década de
sessenta foi marcada pelo golpe militar, barra pesadíssima. A de setenta pela
ditadura e grandes lutas contra ela, dureza também. Povo na prisão, censura, tortura,
falta de liberdade de expressão, repressão e tudo aquilo que sabemos. Ou
deveríamos né, afinal é nossa história. Daí começa a década de oitenta, a
anistia, o Tancredo (tá, no fim das contas foi o Sarney! Ou no começo das
contas, não sei bem...), uma luz no fim do túnel, um raiar de abertura. Pronto!
Espaço pra deitar e rolar!
Dizem que
fomos uma geração perdida. Até pode. Mas soubemos como ninguém nos divertir
despretensiosamente. Geração coca cola e esse título não é pra qualquer um.
Essa taça é nossa! E dada por Renato Russo, dá licença. Juntar tanta coisa
legal na mesma década, só a dos oitenta! Bombou! Gente, tentar desvendar o cubo
mágico é pra lá de animado!! E dificílimo, coisa para os gênios da época! Ok,
você venceu!! Confesso: eu não consegui! Deixei no passado o meu cubo
indecifrável! E qual é o problema de trocar a política e as passeatas pelo
cubo? Deixem nossa geração em paz.
E por falar em brinquedos, o coração
aperta de nostalgia. Se fui uma porta em solucionar o cubo, arrasei no gênius! E
o Atari? Aquele bisavô do Wii. Era muito legal: Pac Man, Asteroids, Enduro e Os
Smurfs. Se hoje os adolescentes se matam por um “ai alguma coisa”, naquela
época, a mania era ser craque no ioiô. Cada manobra tinha nome, sobrenome e
CPF. Confie em mim, deixaria qualquer atleta de esporte radical, se achando um
pouco mais que nada! Ioiô pra cima, pra baixo, dando piruetas, ultrapassando a estratosfera
e chegando a marte. Um espetáculo!
E a música? É
rock and roll mano!!! Tantas bandas legais nasceram lá nos oitenta e até hoje
são mencionados e ovacionados: Barão Vermelho, Ira, Capital Inicial, Legião, Titãs,
Paralamas, e por aí vai. Tem uma grande lista e todos passaram no palco do
insubstituível Chacrinha! Alô, alô Terezinha! No meu caso dancei ao som desse
povo nas matinês! Agora, noutro momento confesso, adorava o Globo de Ouro com
seu “os dez mais”! Gente inesquecível como Rosana, uma deusa, estava lá uma semana
sim, a outra também! Sempre no topo! Ela não é a cara da década? Que fique
claro, que antes dela transformar-se numa drag queen coreana! E a Joana? Alguém
sabe por onde anda? Será que casou com o namorado? Aquele sujeito educado que
ela mandava um recado. Pode ser.
As roupas
eram um caso a parte. Mais que divertidas, eram uma piada. Coloridas fazendo
concorrência desleal ao arco-íris! E, além disso, eram cores vibrantes,
claaaaro! Não bastava ser verde, precisava ser verde limão! O laranja e o
amarelo tinham que servir de bateria para algum Passat, de tão berrante. E
todos os acessórios do mundo precisavam estar lá. Laços, fitas, correntes,
braceletes, faixas de cabeça, bandana e cruzes – credo, sem dúvidas! A moda dos
oitenta foi o contrário de tudo o que conhecemos sobre o clean ou minimalismo!
O lado oposto. Menos nunca foi mais. Exagerado, como diria Cazuza.
Foi ou não
divertidíssima essa década? Éramos felizes e não sabíamos. Ingênuos e inocentes
sonhando com a promessa da democracia. E um futuro imenso para viver. Minha
juventude foi linda e intensa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário